quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Glaura - Santo Antônio do Leite

Boa tarde moçada!

Mais uma vez peço desculpas à quem se presta a ler estes textos. Estamos em épocas de trabalho demasiado e tempo escasso. Mas aos trancos e barrancos vamos romper isto aqui.

Continuando de Glaura, devo reiterar que a emoção de chegar ao primeiro destino é indescritível! Ver na planilha que chegou no último marco, te torna um aventureiro nato. Seus skills de desbravador, de sobrevivente vão nas alturas (momento nerd). Já em Glaura como disse anteriormente, é uma cidade bonitinha, até porque é a primeira que vai ver na rota, fica ainda mais charmosinha, mas não quisemos nos demorar muito por lá. Então rapidamente pegamos a próxima planilha e partimos.

Aqui evidenciamos outra dificuldade (pelo menos para nós) que nos acompanharia por toda quase a viagem: Geralmente é mais difícil se locomover dentro das cidades do que na ER propriamente dita. As instruções para rodar dentro da cidade são vagas, e se depende muito da boa vontade e da informação dos moradores para sair das cidades e encontrar a ER novamente.

Caminho para Santo Antônio do Leite
O caminho para Santo Antônio do Leite é em sua maioria feito em asfalto (o que foi um pouco decepcionante). Não há segredo em chegar até a cidade. A nota triste da viagem fica por conta do Niva, que ainda continuava fraco, e nos dava uma velocidade de cruzeiro de 60 km/h, o que para a rodovia é muito perigoso. Desta forma a redução de marchas era constante (em subidas íngremes era necessário até reduzir em determinadas circunstâncias), o que tirou um pouco do prazer do trecho. Apesar de toda a preparação, ainda ficava chateado com a ideia do Niva nos deixar na mão. Afinal era nossa lua de mel, não podia dar errado.

Com o receio do Niva refugar nossa viagem como um encosto em mim (rs) chegamos em Santo Antônio do Leite. Uma cidadezinha não tão charmosa quanto as cidades históricas que conhecemos, porém aconchegante.

Numa conclave de emergência, deliberamos que devido as condições do Niva, e a noite que já mostrava sua fuça, íamos pernoitar por ali  mesmo, furando nosso planejamento já no primeiro dia (que previa dormirmos em Congonhas).

Centro da cidade
Em Santo Antônio do Leite há basicamente duas opções de hospedagem. Um hotel no centro da cidade, que a princípio parecia bem suntuoso (para a proposta local), com spa e essas perfumarias. Mas era demasiado caro, sendo sua diária em torno de R$ 280. Resolvemos rodar mais um pouco e fomos informados do Mirante do Café que fica voltando pela estrada e pegando uma estrada de terra a direita. UM VERDADEIRO ACHADO!!!

Não que a diária seja tão mais barata. Pagamos R$190, mas amigo, muito, mas muito bem pagos! Lá funciona no esquema chalézinhos/apartamentos. Tem uma espécie de sede, onde fica a recepção, a piscina e a cozinha. Tudo com uma decoração rústica. Ao longo de uma grande área ficam os apartamentos. Fomos conduzidos ao nosso. Há um nível de conforto razoável, com duas cama-box juntas, suíte, frigobar e ventilador (pouco eficaz à proposito). Mas o que faz compensar mesmo está fora do quarto:

Pousada Mirante do Café
Há uma trilha para um açude e cachoeira (que visitamos mas não nos arriscamos a entrar nela), uma trilha para a torrefação do café e outra para o mirante: a cereja no topo do bolo da pousada. Ficamos por pouco tempo, mas lhe digo que com certeza vamos voltar e levar alguns casais de amigos para passar um final de semana lá. Sensacional!!! E se passar por lá, não exite e vá pro mirante.

Testes de luzes: like a vagalume


A noite de curiosidade/ansiedade, quis fazer o teste dos 1.150 faróis que instalei para a viagem: Liguei todos (4 no bagageiro/2 no quebra-mato e 2 neblina) e funcionaram machamente por 3 minutos e se apagaram. Fui verificar o fusível de 30 que colocamos na entrada do sistema e havia rompido, coloquei outro e ... mais 3 minutos e rompido. Resolvi colocar um de 40 que pegou fogo, derreteu e quase deu um show pirotécnico. Coloquei mais um de 40 e decidi não usar estes faróis por enquanto. Apenas ostentar (rs).




Depois de uma noite de calor intenso, hora da checagem geral da viatura, café da manhã (apenas bom a propósito) e partir rumo a Lobo Leite.



Caminho para o açude. Dentro da pousada


A mini cachoeira

A sede

Mirante: ponto alto da estadia

Mirante: a foto ainda não descreve o que é estar lá

Mirante

Mirante: eu pessoalmente acho esta foto uma das melhores da viagem

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Ouro Preto - Glaura


À esta altura, nós já tínhamos rodado +ou- uns 100 km, pra chegar em Ouro Preto. Mas era só o início da jornada. E também à esta altura, a emoção por estar realizando um sonho, um pouco de apreensão, algum medo do Niva nos deixar na mão (apesar de todo cuidado na revisão) e a ansiedade por estar botando o pé - ou o pneu -  na estrada se misturam. Para nós este foi o pior trecho, pois tivemos algumas dificuldades. E atribuo esta sensação de ter sido o pior trecho aos seguintes motivos:

- Este mix de sensações que falei acima. É bom, mas é ruim.
- A estrada não está péssima a ponto de ser uma trilha, mas também não é o melhor trecho da ER. Eu realmente não esperava, e nem queria moleza, senão iria pelo asfalto. Eu queria mesmo era ver do que o Niva era capaz (ainda não tinha o sujado, desde que o comprei). Mas a estrada desta maneira também não é a melhor maneira de receber viajantes cabaços como nós (risos).
- Não estávamos com a visão aguçada para os marcos. Você vai perceber que com o passar do tempo seu olho vai se transformar num radar de marcos da ER. Você vai começar a vê-los de longe, escondidos, sujos, caídos, camuflados... Mas não agora...
- Também leva-se algum tempo para ficar íntimo da planilha. Ela é facílima de ler. Mas TODAS as informações nelas são úteis. E você vai precisar de um tempo para poder trabalhar com todas.
- Não estávamos marcando a distância entre um marco e outro. Este é um dos macetinhos que considero mais importante para o sucesso da viagem pela ER. E neste primeiro trecho nós não tivemos esta maldade. Funciona assim: Ao passar por um marco, a navegadora canta a distância para o próximo, e você marca no hodômetro, Isso é bom por vários motivos:
     * Dá noção de distância. Evita de ficar naquela: "já deveria ter passado o marco não?"
     * Evita erros, pois na planilha vai estar "bifurcação à direta" e você vai saber que ela vai estar a 1 km, e se acontecer de ter uma bifurcação à 500 mts, você saberá que não é ela.
     *Evita desvios longos. Se passar muito da distância calculada e você não ver o marco, você pede pela próxima distância e calcula de novo. Pode acontecer de não ter um marco e a planilha falar que tem. Mas dois, três marcos seguidos não acontece (se acontecer a planilha avisa). Se acontecer você está no caminho errado.
- Não sei se era nossa inexperiência, ou se realmente a estrada não é bem sinalizada, ou se o posicionamento dos marcos não é claro, mas nos perdermos.
- O Niva ficou extremamente fraco, pedindo reduzida para qualquer morrinho.

Por esta série de motivos, acabamos nos perdendo logo no primeiro trecho, e mais ou menos no meio do caminho tem alguns arraialzinhos, e por lá estava passando um senhor numa Frontier, ao qual pedimos informações. Ele se prontificou e disse que estava indo para Glaura, que o acompanhássemos. Até tentamos, mas ele sumiu. Ao tentar acompanhá-lo, numa decida, o Niva começou a querer sair de traseira devido à velocidade que estávamos imprimindo para não perde-lo de vista. Aí achamos melhor deixá-lo ir, mas de toda forma nos ajudou a reencontrar os marcos (você vai perceber que se fica muito, mas muito feliz, ao se ver um marco, principalmente se faz tempo que não os vê). 

Amigo, é preciso ter calma. Se o coração for fraco e vontade rasa, você desiste e volta pra casa. Carro fraco, perdido, e pra completar, essa soma de fatores acaba azedando o clima um pouco. A incerteza começa a querer tomar conta da vontade de ver onde aqueles marcos vão terminar. E te falo, se a minha vontade de fazer esse caminho não fosse tão grande, e a fé e companherismo da minha digníssima também. Eu tinha voltado pra casa. Mas depois dessa peleja inicial finalmente chegamos em Glaura!!!

A cidade é minúscula. Mas é charmosinha. Acredito que o turismo religioso seja o forte de lá. Mas a principio não nos pareceu que devíamos gastar muito tempo ali.

É muito bom! Ver a igreja da cidade e saber que a primeira etapa já foi. Não só pelo desafio em si. Mas pela alegria de saber que era a ER que de fato estávamos nela. Isto serviu para renovar as forças e aumentar o gás para Santo Antônio do Leite. Nossa próxima parada!








sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Preparação e partida

Buenas Camaradas!

Gostaria de escrever com mais frequência, tal qual blogueiros "profissionais", mas: falta de tempo+preguiça de mexer no PC no tempo livre = grande tempo entre posts.

Retomando o assunto, o principal objetivo deste blog, é dividir nossas experiências de marinheiros de primeira viagem com marinheiros de primeira viagem, ou com aqueles que estão com os pés inquietos para romper pela ER, mas falta aquele empurrãozinho...


Pois bem, nossa bíblia foi o http://estradareal.tur.br/, lá tem tudo que é preciso para se empolgar, baixamos os roteiros planilhados, lemos as descrições das cidades e das estradas e ainda fizemos a inscrição para retirar os passaportes. Leia tudo com bastante atenção. As descrições ajudam demais! Claro que haverá algum erro ou outro, nas planilhas, como distâncias que não batem (por questão de metros, nada demais), marcos em lados errados (alguns tem aviso na própria planilha), os principais nós tentaremos lembrar aqui, mas não chega a comprometer. Tentei procurar relatos de quem fez, um dos que mais me ajudou foi o de um rapazinho que fez a ER com um Grand Vitara e sua sogra.

Como o objetivo da viagem não era o destino, mas sim o trajeto, também entramos no site de cada prefeitura para o que cada destino oferecia de melhor. Foi nossa primeira tarefa em equipe: fizemos um planejamento com previsão de distância, principais atrações, pontos de carimbo do passaporte, consumo e hora de chegada. Enquanto eu fazia os cálculos de distância e consumo, a digníssima ia consultando os sites das cidades e selecionando as atrações e pontos turísticos que procuraríamos.

Fizemos uma pastinha, como mapas, planejamento e pequena descrição das estradas e cidades.

 A preparação da viatura foi feita de acordo com o que exige um carro de 24 anos de idade:
- Substituição do carburador original pelo Weber 460
- Suspensão dianteira quase toda trocada.
- Coifas das homocinéticas trocadas.
- Sapata de freios, pastilhas e disco trocadas.
- Sapatas da corrente do motor.
- Lubrificação das homocinéticas e dos 7 pontos do carro.
- Troca de todos os fluídos.
- Revisão em toda a elétrica.
- E pneus. Uma odisseia, pois pelo menos aqui na região, é difícil encontrar pneus na medida do Niva, então mais pelo cansaço que pela lógica acabei optando por modelos "borrachudos" remold 225/70R16. Não prejudica no asfalto e dá muita segurança no off road (guardada as devidas proporções, pois não é o objetivo trilhas hardcore). O único porém, é que pegou um pouco no paralama direto da frente a meio curso da suspensão, e na caixa roda traseira esquerda quando chega no fim do curso da suspensão. O problema da frente, é devido à uma pequena batidinha que veio de brinde do dono anterior e deslocou o paralama para trás. O problema de trás ainda continua um mistério.
- O alternador do de 105 amperes do Brava não teve tempo de ser instalado, mas será, e já adianto que a adaptação não fica grosseira nem forçada.

Preparada a traquitana toda, ferramentas, água pro carro, óleo de motor, óleo de caixa, galões de combustível, estepe do estepe, caixa térmica (supimpa ;) com bastante água, barraca e etc, tanque cheio, galões cheios e gordurames, é hora de partir.

Primeira parada: Ouro Preto. Já na subida do Anel Rodoviário em direção ao RJ, antes mesmo de sair de BH, a viatura acelera sozinha. Pedal do acelerador intacto e aceleração no máximo, a primeira coisa que vem a cabeça é: "Queria chegar em Paraty e nem vou conseguir sair de BH. Estrada Real já era". Foi a conta de parar numa extensão do acostamento usado como ponto de ônibus, abrir o capô e começar a olhar para o motor, como se uma luz, viesse me dizer o problema (já que não sou mecânico). Resolvi tirar a carcaça do filtro de ar e desmontar o carburador, e a luz me mostrou uma mola solta na aleta onde vai o cabo do acelerador. A montei no lugar que me parecia mais apropriado e Bingo! Vai ter Estrada Real sim!!!

Parada obrigatória no Jeca Tatu pro pastel de angu. Ir para Ouro Preto e não parar lá chega a ser sacrilégio.




Chegada na velha e boa Ouro Preto, adoro este lugar.

Praça Tiradentes

Agora é achar a Secretaria de Turismo para pegar o passaporte e o primeiro carimbo. 

Passaporte da Estrada Real



Agora é romper para Glaura, primeira parada da ER! Agora sim é pra valer!!!


Início do Caminho Velho

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Para por o pé na estrada

Depois de muito surrar um pobre e valente Fiat Brava em todo tipo de estrada e terreno (guardadas as devidas proporções) realmente percebi que precisava de um carro que se sentisse à vontade na terra, na lama, nos barrancos e etc.

Assim entrou o Niva na minha vida, depois de tanto pesquisar, ler fóruns, conversar com pessoas que já tinham certa afinidade com mundo off road, cheguei à conclusão de que ele tinha o custo/benefício ideal para que pudesse conviver em paz com o Brava - do qual não pretendia, e não pretendo me desfazer tão cedo.

Assim me tornei um Niveiro. E este era o primeiro passo para realizar um antigo sonho: A Estrada Real.

Era questão de tempo me enamorar da Estrada Real. Indo para as áreas de camping, via um ou outro marco da Estrada Real e ia ficando cada vez mais instigado à conhecer todo o caminho escrito por eles


O segundo passo seria uma parceira que não só quisesse ir comigo, mas alguém que se divertisse comigo. Que vivesse esta aventura comigo de verdade, não só um "zequinha". Passo dois concluído: depois de casado, ganhei uma esposa/namorada/companheira/amiga/navegadora/fotógrafa.

Assim nasceu o projeto Lua de Mel/Estrada Real. E pretendo usar este espaço para dividir nossas experiências como marinheiros de primeira viagem à quem for de interesse e para que também possamos ajudar e encorajar à quem tem vontade de percorrer o caminho desenhado pela coroa portuguesa à alguns séculos.